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Descartáveis

“Corpos humanos são descartáveis? Usa-se e depois joga fora? Corpos caídos no chão cobertos por sangue fazem tão mal quanto o plástico jogado no oceano?”

Corpos humanos são descartáveis? Usa-se e depois joga fora? Corpos caídos no chão cobertos por sangue fazem tão mal quanto o plástico jogado no oceano? Se é que o problema é esse; quantos devem morrer para que o problema seja solucionado? Será que naturalmente negros possuem um curto tempo de vida?

O trabalho apresentado se apropria do Material “descartável” para criar uma crítica metafórica a maioria das mortes matadas ocorridas em território brasileiro, mortes essas que estão inteiramente ligadas a um problema social, político, histórico e econômico. Aqui o objeto que é muito utilizado em festa para servir ao público algum alimento, se opõe a forma em que é exposto o corpo assassinado, ao ar livre, visível a todas pessoas de todas as idades, como se fosse algo digno a se ver.

O cenário que fica na área urbana após a perda de uma vida geralmente é de uma roda de pessoas, alguns conhecidos chorando, outros ali tirando foto, essa chamada de atenção e esse olhar tenso direcionado para baixo se transforma em algo quase que comum, que daí questiona a natureza humana. Será que a vida é pra ser servida dessa maneira?

A instalação ocorrida na Galeria Cañizares, da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, foi composta por cerca de 40 dos pratos, atualmente a obra abriga 100 pratos onde está pintado corpos negros assassinados. Mostrando a preocupação com o extermínio do povo negro, em anos em que se discute a destruição da Terra através do descarte de plástico.

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texto: Guilherme Almeida (@euguilherme_almeida)