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O Problema da Obediência

A pergunta que nós devemos fazer não é porque desobedecemos, mas sim porque obedecemos.

A pergunta que nós devemos fazer não é porque desobedecemos, mas sim porque obedecemos. Num mundo de miséria, fome, guerras entre as massas mais pobres e descrença total no sistema, e quase um niilismo entre a pequena burguesia, porque não desobedecemos é uma questão chave. Há muitos que argumentam que nunca estivemos tão bem quanto no capitalismo. Que a miséria some a cada dia e a classe média aparece. Que uma vida de classe média hoje era como uma vida de nobre nos séculos passados. Embora, na realidade, a classe média esteja desaparecendo e está abrindo uma nova classe pauperizada pelo capitalismo. Cada vez mais as pessoas passam para a classe do proletariado.

Então, nós obedecemos porque sentimos uma obrigação cívica com a ordem em nosso país. Mesmo sabendo que essa ordem possa significar o caos total, como estamos vivendo agora no Brasil. Não temos ordem nenhuma agora. O Brasil está em crise. E ainda assim, não vemos uma rebelião nacional.

Como está no livro de Frederic Gros, desobedecer, a desobediência vem de uma produção de uma uniformização entre as massas. Ou seja, individualizar demais o individuo para que ele não pense de forma alguma que ele faz parte de um coletivo.

Ao mesmo tempo em que somos padronizados pelo consumo de massa, somos envolvidos em pensarmos que somos únicos e que temos nossa liberdade. E ninguém quer perder essa liberdade se doando para uma causa que talvez falhe.

O capitalismo foi genial nessa transformação de indivíduos. De fazer pararmos de nos pensar como parte de um coletivo. Que devemos levar nossa vida sozinhos.

O que faz um indivíduo não querer desobedecer é o medo da violência do Estado. Prisão, tortura, assassinato. A questão é tão simples. É o medo que o ser humano tem de perder sua própria vida. E enquanto estamos em uma sociedade tão individualista, a sua vida, a sua sobrevivência é o que mais importa. E não um ato de coragem para o bem do coletivo.

Precisamos mudar esse pensamento. Por mais difícil que seja. Mas já existiram episódios na história em que o homem deu sua própria vida pelo bem maior. E é disso que precisamos agora e vai ser isso o ponto chave para o final do capitalismo.

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Por: Ana Botner